terça-feira, 7 de março de 2017

A Mitologia do Zodíaco: Gêmeos

          Seja em revistas, em programas de TV ou naquela coluna apertada do jornal, o horóscopo é algo rotineiro que se tornou bastante popular nas últimas décadas. Embora as predições da mídia pareçam bobinhas (e realmente o são) e mesmo que as pessoas que falem disso constantemente nas redes sociais possam irritar, a astrologia é um sistema antigo que antecede Cristo e que poucos hoje em dia realmente compreendem. Por meio de uma série de doze posts pretendo trazer à tona as histórias mitológicas por trás dos signos astrológicos. Neste post - o terceiro da série - falarei um pouco sobre a história de gêmeos. Acompanhe.
          


          Leda era casada com o rei Tíndaro de Esparta e mãe de Helena de Tróia. Sua beleza não era tão lendária quanto a de sua filha, mas as duas eram igualmente exuberantes. Os cisnes eram seus animais favoritos e ela tinha o hábito de despir-se por completo e nadar com eles no pequeno lago do palácio onde vivia com seu marido. Em um desses banhos, Zeus a flagrou e se apaixonou pela beleza da jovem, decidindo prontamente possuí-la. 


             Para enganar sua ciumenta esposa, Zeus se metamorfoseou em um belo cisne e se juntou ao bando que cercava a rainha. Leda, maravilhada com a exuberância do animal, se aproximou para vê-lo de perto e lhe fazer carinho. A jovem rainha não esperava que se tratasse do rei do Olimpo e devido a aproximação descuidada foi violentada.
Leda e o cisne


          Há uma versão que diz que tal fato ocorreu no dia do casamento de Tíndaro e Leda, e durante a noite ele também a fecundou. Nove meses depois, Leda deu luz a dois ovos dos quais saíram seus filhos gêmeos, mas frutos de pais diferentes. A versão mais aceita, porém, admite que as duas crianças, chamadas Castor e Pólux, eram ambas filhas de Zeus e haviam nascido do mesmo ovo.

          Desde pequenos eram queridos pelas pessoas e pelos deuses pela sua simpatia e alegria. Foram os filhos semideuses mais amados por Zeus por serem os únicos que o tratavam como pai e que se deixavam tratar como filhos. Hermes os instruiu nas artes e lhes falou sobre gloriosas lutas, plantando neles a semente da inteligência, da astúcia e da curiosidade. Vendo o potencial de seus filhos, Zeus os encaminhou para serem treinados por Quíron na arte da guerra e esse os orientou por muitos anos.

          Ao crescerem, os dois garotos se transformaram em grandes guerreiros. Pólux era o mais forte e por isso havia se especializado em combate direto. Havia se tornado um exímio manejador de espada, mas sua habilidade com os cavalos não se comparava a de Castor. Castor era um brilhante cavaleiro e domador de cavalos, capaz de fazer com que o corcel mais selvagem o obedecesse e fosse montado.


Castor e Pólux

         
 A afeição dos dois só crescia com a idade. Era praticamente impossível vê-los separados e não havia nada mais importante para eles que o outro. Juntos participaram de muitos feitos mitológicos lendários da Grécia com tamanha honra que são lembrados até hoje.


          Quando Teseu e seu leal companheiro e amigo Pírito raptaram Helena, Castor e Pólux juntaram um grupo e destemidamente conseguiram salvá-la. Seus maiores feitos, porém, estão relacionados ao seu período como argonautas (tripulantes do lendário navio Argo). Durante toda a viagem eles defenderam a nau com tamanho empenho que se sobressaíram na maioria das batalhas e sempre tentavam ao máximo divertir e animar seus colegas de bordo quando as coisas estavam suaves ou demasiadamente duras.

       O mito mais famoso dos dois durante essa viagem nos conta que um dia a embarcação foi acometida por uma terrível tempestade. Orfeu, que acompanhava o grupo, sacou sua harpa e tocou até tocar o coração dos deuses da Samotrácia (ilha grega localizada no norte do mar Egeu) e serenar a tempestade. Quando o temporal cessou, estrelas radiantes brilharam sobre as cabeças dos gêmeos e após a sua morte eles passaram a ser celebrados como espíritos protetores dos marinheiros e das viagens marítimas. 





         No momento em que a jornada acabou, eles regressaram para sua terra natal e lá atuaram por muitos anos como defensores dos fracos e oprimidos. Ficaram conhecidos por toda terra como heróis gentis e amáveis que sempre estavam lá para quem precisasse deles. 

          Posteriormente, os dois conheceram duas belas irmãs chamadas Febe e Ilaira e se apaixonaram por elas. As duas jovens já estavam noivas, mas tal fato não teve muita importância no momento. Juntos os quatros fugiram e foram felizes pelo curto período em que tiveram paz. Logo os noivos das moças, Idas e Linceus, foram atrás de Castor e Pólux para tirar satisfação. Os quatro entraram em combate acirrado e os dois desafiantes foram derrotados a um preço terrível. Castor foi mortalmente ferido e não pode resistir. Pólux, inconsolável, tirou a própria vida para se unir ao irmão no Hades. 


Saga de Gêmeos, do anime Cavaleiros do Zodíaco (Saint Seya)



          Há outra versão que diz que Castor foi morto durante uma das batalhas do Argo e Pólux suicidou-se pulando da amurada do navio por causa da falta que sentia do irmão. Enquanto Pólux se afogava no mar, rogou a Zeus para que o deus o permitisse tomar o lugar de seu gêmeo. O pedido foi aceito e os dois foram transformados em estrelas e alternavam seu lugar no céu. De dia um deles tinha permissão para descer a terra enquanto durante a noite o dia vinha nos visitar enquanto seu irmão assumia seu lugar. A versão mais aceita, no entanto, diz que Zeus  honrou o sacrifício de seus filhos transformando-os em uma única constelação para que fossem sempre lembrados.

          Gêmeos é ainda um signo regido por Hermes, por isso rege as mãos, instrumentos de talento, realização manual e de cura. Por se tratar de dois irmãos, gêmeos apresenta aspecto duplo, bastante complexo e contraditório (aquele boderline inerente que irrita todo mundo). Embora sejam mencionados como elegantes, os geminianos têm tendência a cometer erros por causa de sua imaturidade. Têm a felicidade, o egocentrismo, a criatividade e a inquietude das crianças. Se empolgam facilmente com novos projetos, mas não tem a constância para levá-los a cabo na maioria das vezes. Se cansam rápido das coisas e gostam sempre de se divertir.

Apesar de serem corteses, não hesitam em recorrer a mentira se for necessário. Gostam de receber afagos e atenção e tem tendência a se sentirem carentes. Gostam sempre de aprender e possuem ampla atividade mental, sendo enérgicos e irriquietos na grande maioria das vezes.



          
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