sábado, 16 de dezembro de 2017

Orixás pouco cultuados no Brasil

Orixás abaixo citados, da esquerda para a direita.


Há uma grande quantidade de Orixás cultuados na África e apenas uma porcentagem deles aqui no Brasil. Atualmente existem cerca de dezesseis “Grandes Orixás” cultuados em nossas terras, mas o foco desse texto é falar sobre alguns Orixás importantes, porém esquecidos pelo tempo e pela falta de conhecimento no tratamento dos mesmos.

Seriam estes:


Inlé – Erinlé – Ibualama


O caçador de elefantes, Orixá que tem seu culto voltado ao rio de mesmo nome. Este Orixá é ligado ao culto de Odé (caçadores) e é confundido aqui com Oxóssi, porém são divindades distintas. Ibualama seria pai de Logun-Edé e Otin, através de seu casamento com Oxum Ypondá. Inlé (corruptela da palavra Erinlé) seria filho do Orixá Oko e como ele veste-se de branco. Não carrega um ofá (arco e flecha), mas sim uma lança e o bilála (chicote) com o qual se usaria para se flagelar segundo uma de suas lendas, após ir morar no fundo do rio por uma decepção. Ibualama seria um título que quer dizer “água profunda”

Seu dia é quinta-feira e sua saudação “Ara unsê Ibu Alama”



Oko


Verdadeiro Orixá da agricultura (no Brasil este título pertence a Ogum) seria filho de Olokum (mar) e Obatalá (céu) e é o responsável pela fertilidade da terra. Carrega um Apaxorô (cajado) de madeira e uma flauta de osso, as abelhas são suas mensageiras e seria o árbitro entre as disputas dos Orixás e dos homens. Sempre que há a colheita do inhame, Okô é reverenciado e homenageado com festejos e sacrifícios. Veste-se de branco, seu dia é segunda e sua saudação “Maferefun Orixá Oko!”.



Oké – Olooké – Oloroké


A Montanha ou a Grande Montanha seria o primeiro Orixá a ter surgido do meio de Olokum, permitindo assim que todos os outros Orixás pudessem descer a terra. Sem Oké não existiria a vida, pois este foi a primeira porção de terra a surgir do meio do mar e a ligação entre o Orun e Ayé (céu e terra), seria o guardião dos homens e dos Orixás. Existem festivais na África em homenagem a este Orixá ao qual ele é carregado pelos homens em um caminho coberto por panos brancos e folhas de “ataparajá”, um árvore que cresce na região de Ekiti. Sua saudação é “Iborun a ló”.



Otin


Orixá da caça, companheira de Odé, normalmente representada carregando um jarro sobre a cabeça, pois também está ligada à agricultura. Tem como ferramentas a capanga e a lança. Caçadora, tem caminhos com Orixá Ossaiyn e também é associada à lua. Em algumas nações é tida como uma qualidade de Oxum. Uma de suas lendas conta que Otin nasceu com quatro seios e que Oxóssi se encantou por ela por conta de seu segredo, um dia as outras esposas de Oxóssi o embebedaram para que este contasse o segredo de Otin o que a levou a se afogar no fundo do reino de seu pai (Erinlé). Seu dia é segunda-feira, suas cores são amarelo e azulão e sua saudação é “Okê bambo”.



Orô


Conta-se a lenda que Orô teria sido um homem que por ter sido traído abominou as mulheres e foi morar sozinho dentro da mata, onde se ouve sua voz retumbante como um trovão ecoando por dentro dela. Ele é responsável por executar criminosos, adúlteros e toda a sorte de pessoas ruins que adentram as suas matas. Seria o pai de todos os Egungun e teria seu culto ligado diretamente à Iku. Assim como o culto a Iyamí Oxorongá é voltado somente às mulheres, o culto a Orô é exclusivo dos homens e possui muitos segredos. Acredita-se que todo espírito masculino antes de reencarnar, deve ser “devorado” por Orô. Sua saudação é “Orô aféfé Iku”.



Iyami Oxorongá



Iyami Ajé seria uma forma de culto à ancestralidade feminina assim como Orô, porém seu culto é exclusivo às mulheres (também chama de Iyá Nlá que significa “A Grande Mãe”). As lendas contam que ela é bruxa é pássaro ao mesmo tempo, senhora da barriga tem o conhecimento de todos os ebós e o mais cruel seria o Ojiji. Teriam sido três Iyami que assolavam um vilarejo e que Odé recebe o nome de Oxóssi por exterminar as três bruxas em forma de pássaro com uma flecha só. Quem ouve o pio de Iyami corre à Orunminlá, pois somente ele pode aplacar sua fúria.



Ibeji


Orixás gêmeos sendo o mais velho Taiwo e o mais novo Kehinde, são as divindades que representam as crianças, a inocência e a dualidade humana. Não confundir com Erê (transe do Orixá em que a pessoa fica em um estado de “regressão” como se fosse uma criança, representando a inocência do recém-iniciado), pois este é um Orixá que guarda os inocentes, mas não são crianças, estão ligados à juventude e ao nascimento de tudo, são Orixás intimamente ligados à vida. Em todas as obrigações a Orixá, eles também recebem agradados assim como Exu, para assegurar o bom andamento das cerimônias. Algumas lendas contam que seriam filhos de Oyá que teriam sido abandonados por ela em um rio e criados por Oxum com quem tem seu culto uma forte ligação. Seu dia é domingo, suas cores são o rosa e o azul e sua saudação é “Omi Beijada, beijiroó”.



Onilé


Orixá da terra, ele é sempre o primeiro a receber o Ejé (sangue) em todo sacrifício. Representa a base do mundo material e espiritual, fortemente ligado ao culto a Egungun, pois é ele quem recebe os mortos em seu reino. Por vezes é tido como um Orixá feminino representando a Mãe Terra, mas tem em grande parte seu culto associado à Xapanan/Obaluayé/Sakpatá. Por vezes possui um assentamento fora do terreiro, mas em sua maioria ele fica dentro do barracão no centro da casa representando a ancestralidade e força da terra.



Ajé Xaluga


Orixá feminino, filha de Olokum, seria a irmã mais nova de Yemanjá. Orixá da riqueza e da fartura, senhora dos tesouros do oceano. Ela é quem controla as marés e é a espuma que vem sobre as ondas. Não há eleguns desse Orixá, porém tem seu culto feito por sacerdotes que têm conhecimento de seus segredos.  Sua saudação é ”Okum Iyá”.



Oranian


Filho de Oduduwá, seria o fundador de Oyó, foi concebido sob circunstâncias improváveis. Segundo a lenda, Ogum teria conquistado um reino e neste teria se encantado por uma bela jovem e a tomou como sua mulher, ao chegar ao reino de seu pai com os espólios da guerra, Oduduwá teria se encantado com a moça e pediu-a a seu filho que por medo de represálias do pai não contou sobre o que havia ocorridos entre os dois, nove meses depois nascia Oranian, que era dividido verticalmente, de um lado era negro como Ogum e do outro tinha a pele clara e parda como Oduduwá. Foi um grande guerreiro e conquistador tornando-se o primeiro Alaafin de Oyó, sendo este pai de Xangô e ancestral de todos os Obás (rei) de Oyó.



Apaoká


Mãe de Erinlé, seu nome seria Bambá e ela possuía duas irmãs, Mpere e Bokolo que eram Iyámi, e tinham feito o juramento de nunca se casar e gerar filhos. Mas um dia Yá Bambá se apaixonou por Okô e acabou concebendo um filho com ele (Erinlé) que assim acabou por quebrar o pacto e foi morar em um Apaoká(Mogno Africano) recebendo assim seu nome. No Brasil, onde existe seu culto, é feito em uma jaqueira aos moldes do culto a Irokô, porém representando o sagrado feminino nas grandes árvores ancestrais.



Irokô


Orixá Igi (árvore) é a grande árvore da criação por onde os últimos Orixás desceram à terra, tido também como o tempo é quem representa toda a ancestralidade humana e portanto, também é senhor de todos os caminhos. Irokô também seria o portal de entrada para o mundo dos abiku, por isso são feitas oferendas a seus pés para que este garanta a longevidade das crianças. No Brasil é cultuado junto à gameleira, seu dia é terça-feira, suas cores são o branco e o verde (ou cinza) e sua saudação é “Irokô issó, Irokô eró!


Foi somente a título de curiosidade este texto, pois tantas divindades e cultos mereciam um texto individual cada. Muito da cultura afro é de uma riqueza enorme e espero que este pequeno texto seja do agrado de todos.


Axé ô!

Olóòrum béo


~ DK

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