segunda-feira, 15 de maio de 2017

Desculpe o transtorno, preciso falar sobre o caminho draconiano

Já não é de hoje que as rotas no ocultismo são monopolizadas apenas por um lado. O lado direito, sempre mais abrilhantado, dogmático e pomposo, sempre aparece como mais correto caminho a ser seguido.

Segundo Aleister Crowley, no livro '' Magia Teoria e Prática.'' A magicka tem como objetivo a mudança da realidade de acordo com a vontade. 


Tendo isso em mente, podemos dizer que o principal objetivo dentro da magick, é mudar a realidade. Aqui abremos um parenteses gigantesco, afinal, são muitas as visões sobre a realidade e de igual forma, muitos os desejos que buscam molda-la. 


Por outro lado, normalmente a ''direita'' do ocultismo, vive tentando transformar a magia em uma espécie de esoterismo religioso. Onde o mago ou bruxo, precisa ficar em baixo de dogmas demais, que vão dizer se ele está ou não cometendo algum pecado, ao desejar aquilo que está em seu coração.



Ora, mas como Aleister Crowley já disse '' A palavra pecado é restrição.''

Aquele que tenta adicionar palavras de restrição no seu campo de trabalho mágico, jamais vai desfrutar da liberdade.


Enquanto isso, nas sombras, residem aqueles que foram demonizados, mesmo por aqueles que deveriam os compreender.


Nas montanhas, junto com as sombras, reside a força do caos e o fogo que dá força ao dragão para que ele voe.









Caminho Draconiano, Introdução

O Caminho Draconiano é baseado na magia auto iniciática do Lado Noturno. Ela detém os mistérios da transição iniciática da alma, de um ser mortal para uma Forma-Deus encarnada através da morte espiritual e renascimento no Ventre do Dragão e no coração do Fogo Draconiano. Através do trabalho sucessivo e comunhão com os Deuses e Espíritos da Corrente a consciência se expande e a alma desenvolve seu potencial para receber, manter e aterrar esta energia. Cada passo no Caminho revela novos segredos, novas possibilidades, novos mistérios para perseguir. 


Conforme as chaves da transmutação da alma são reveladas e os portais para os poderes esquecidos são destrancados, a mente é gradualmente sintonizada com as energias da Corrente e a alma é forjada no Fogo Draconiano, de modo que ela possa entender e aproveitar este poder. 


Aqui abrimos um parenteses pra explicar algo que pode ser de duvida de muitos que estão lendo esse texto. 


Quando falamos em ''Dragão'' não falamos apenas metafóricamente de um ser que aparenta ser um réptil de grandes asas e poder de destruição. Falamos não apenas disso, mas também de uma visão de mundo...


Aquilo que o homem acredita, diz muito sobre aquilo que ele é. Veja bem, as pessoas tem a mania de depositar sobre os deuses suas esperanças, qualidades... Enquanto que sobre os demônios, cai o fardo dos defeitos, medos aquilo que esperávamos que não fizesse parte de nós.


Normalmente, chamamos os nossos ideais perfeitos de Deus, Verdade absoluta etc... Na visão do draconiano, o Dragão toma forma da ''verdade absoluta'', o ''deus'' que ele busca alcançar.

Tendo isso em mente, podemos prosseguir.


Deuses Draconianos e o trabalho mágico
Os deuses draconianos, ou seja, os deuses das sombras trabalham no intuito de guiar o indivíduo no seu trabalho de apoteóse ( ou seja, auto deificação).
Assim como o lado direito tem seus guias, o lado esquerdo os tem da mesma forma.
O dragão do vazio também representa Leviatã, a Serpente, o dragão do vazio enrolado ao redor do universo segurando-o com seu esmagador abraço atemporal. 

O vazio, é o ventro do dragão.


 Ele é a força primordial existente fora das estruturas da criação, não nomeado e indefinido, pois ele não tem forma e todas as formas ao mesmo tempo, sua forma e nome diferem dependendo da tradição e sistema iniciático. 


O Dragão existe fora da Árvore Cósmica, que é o Pilar da Ascensão Espiritual. 


A Árvore, tanto em seu aspecto brilhante e negativo do lado escuro, é uma manifestação da consciência humana, projeção do consciente e mente interior de acordo com o antigo princípio “Assim como é em cima, é embaixo”: Tudo o que existe interiormente também existe exteriormente. O Homem é um Deus em potencial, manifestação do Dragão, parte desta força eterna e atemporal que permeia toda a Criação e se expande além, para o infinito. 


Agora voltando-nos aos deuses, principalmente, quando falamos de deuses draconianos, falamos das formas que permeiam a escuridão. Os aspectos caóticos.


Thomas Karlsson, o líder e fundador de uma das ordens draconianas mais famosas do mundo, Dragon Rouge gosta de focar em três arquétipos principais:


Lúcifer: A chama do dragão, a força, a personificação do poder de elevação do ser humano em divindade.


A figura de Lúcifer aparece com várias mascaras, pra evitar confusão, elas não serão abordadas aqui. Pelo menos não agora...


Lilith: A força do desejo-paixão, que move as coisas nesse mundo. 


Leviatã: É o dragão, a serpente cega que cria e destrói mundos. 


Outros deuses que também fazem parte do trabalho, são deuses sombrios como Set e Hécate.


Até mesmo Odin e Shiva.


Caminho draconiano e a Qabalah


O caminho draconiano, normalmente, ao menos falando da ordem Dragon Rouge, trabalha com a formula 1+9+1, que resulta o 11.


Aqui é necessário mencionar que Deus é representado pelo Alfa e Omega, o ínicio e o fim. 1 é o primeiro numero e 0 é o ultimo. Tendo em vista que essa pequena soma resulta em 10.


Quando falamos da auto deificação, aplicamos a formula de 1+9+1 que resulta em 11, ou seja, o ser humano aliado ao caos, retorna ao príncipio primevo, anterior até mesmo ao deus da luz.


O caminho draconiano trabalha com a árvore da morte, no intuito de reviver os aspectos que os seres humanos tem dentro de si mesmos, aquilo que ele guarda no escuro, como Karlsson diz.


A jornada começa na qlipha de Lilith, a rainha de noite e vai até Thaumiel, onde Asenath Mason costuma citar que existe o trono de Lúcifer e o ventre de Kali.

O ultimo passo dentro do próprio universo.

Propósito do Trabalho Draconiano
Como já foi citado antes, o propósito do trabalho draconiano é a apoteóse. A transformação do ser humano em divindade. 

Lúcifer, assim como os outros arquétipos, servem para abrir os portais da alma. Iluminar a si mesmo no intuito de abrir o caminho até os portais da divindade.


Essa é uma jornada totalmente individual, você não vai encontrar ela por ai.


Como Karlsson diz, tipos de espiritualidade mais obscuras não são digeríveis pra religião, porque elas não podem ser vendidas como se vende um shampoo novo.


Finalizando, como já foi dito, aqui é um caminho para aqueles que buscam em sua essência, se tornar um emissário, uma manifestação do próprio dragão vivo.


Hora nenhuma, assim como todo tipo de espiritualidade séria, deve ser levada como brincadeira.


Aqui residem aqueles que decidiram subir ao céu, levantando-se com suas próprias asas.


Referências

Qabalah, Qliphoth e Magia Goétia - Thomas Karlsson
Temple of Ascending Flames
Dragon Rouge

2 comentários:

  1. Amei gratidão por todo o conhecimento e sabedoria aqui compartilhado.
    Ethan 🔻🔺⭐🐍🌑🔥✨⭕😈😇👑🔱💀

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