A Mitologia do Zodíaco: Áries

Mesmo que nem todos os signos tenham como representantes animais (como virgem e libra, por exemplo), a palavra Zodíaco vem do grego antigo ζωδιακός κύκλος (zōdiakós kýklos) e significa “círculo de animais”. É usada para referir as doze constelações usadas na astrologia para facilitar nosso autoconhecimento e entendimento. Não só do grego vem a palavra, como também os mitos que nomeiam tais constelações. Por meio de uma série de 12 posts pretendo contar a história por trás de cada mito, começando pelo primeiro de todos, Áries. Acompanhe abaixo.

Croneus era uma fértil terra localizada na Tessália (em muitas versões era a própria Tessália) e governada por um rei justo e firme chamado Atamas. Nefele era sua esposa e rainha, uma mulher tão sabida quanto bonita, possuidora de um amplo conhecimento magístico e mãe de seus dois filhos, Hele e Frixo. Juntos governaram seu povo com sabedoria durante muitos anos, mas, eventualmente, Atamas cansou-se da companhia de sua esposa. Desejando tomar uma moça mais jovem, desquitou-se de Nefele e a enviou para uma terra distante e erma, onde ela não veria mais seus amigos e nem sua família.

Ino, filha do rei Cadmo de Tebas, foi eleita a nova rainha. Era tão bela quanto sua antecessora, mas muito mais mimada e invejosa. Ela própria havia dado ao rei dois filhos e desejava que só eles tivessem o benefício de herdar o trono real. Insatisfeita com a existência dos filhos de Nefele, tramou um plano para livrar-se definitivamente deles.

MUAHAHAHA

O milho era a principal cultura de subsistência do reino. Croneus era famoso em muitas partes do mundo grego por suas espigas vistosas e radiantes, consideradas uma benção da própria Deméter. Sabendo disso, Ino persuadiu as servas a assarem as sementes antes que os lavradores as plantassem e convenceu-as a não contar para ninguém que essa ordem havia partido dela. O resultado foi uma grande catástrofe: o milho não germinou naquele ano e toda população enfrentou uma fome severa, debilitando os outros serviços e levando a morte por inanição.

Naturalmente, Atamas não pensou em culpa-la. Ao ver seu povo padecer, o rei só culpava a si mesmo. Tomado de profundo desgosto e tristeza, decidiu enviar dois mensageiros para consultar o oráculo de Delfos e descobrir qual havia sido o grande erro que resultara em tamanha desgraçada. Essa parte também fazia parte dos planos de Ino, de modo que ela rapidamente subornou os mensageiros para mentir para seu rei.

Depois de se divertirem com gastanças mundanas, os mensageiros retornaram a presença de seu rei com uma terrível mensagem: a culpa da grande fome que acometia o reino era de Frixo e Hele. Para que a situação se resolvesse os dois deveriam ser executados e então a fúria dos deuses seria aplacada. Tal notícia foi uma facada no coração do rei. Ele decidiu tomar a decisão que salvaria seu povo e derramar o sangue de seus próprios filhos, mas caiu em um profundo estado de pesar e luto antes mesmo que seus amados filhos fechassem para sempre seus olhos para este mundo.

Felizmente, Nefele era uma mãe zelosa que sempre temeu pela segurança de seus filhos. Mesmo longe, usava sua magia para olhar por eles todo tempo e antes mesmo de partir havia enviado um fiel guardião as muralhas do castelo para tomar conta deles. Esse guardião não era nada mais nada menos que um belíssimo carneiro cuja a lã era feita de fios de ouro, um presente de Zeus que havia sido concedido para a valorosa rainha e suas crianças.

Frixo, Hele e o Carneiro de Ouro

Na noite que antecedia a execução, o carneiro adentrou a prisão onde os jovens estavam encarcerados e contou a eles que deveriam fugir rapidamente ou o pior aconteceria. Quebrando a cela e as correntes que confinavam os dois irmãos, o carneiro ofereceu seu lombo macio e reluzente para que os dois montasse os advertiu para que segurassem firme. Saltando no ar e voando para longe, o precioso carneiro começou a conduzir os dois irmãos até uma terra onde eles poderiam ser felizes e viver bem.

Infelizmente, Hele era mais fraca que seu irmão e acabou caindo no mar e morrendo. O lugar onde ela caiu está entre a Europa e a Ásia e ficou conhecido como Helesponto (Estreito de Dardanelos, atualmente, localizado a noroeste da Turquia). Frixo sobreviveu e acabou desposando uma mulher da família real de Cólquida, mantendo assim seu status de nobre. Em ação de graças a Zeus, ele sacrificou o carneiro que tanto o havia ajudado e realizado o desejo dos deuses na terra. Frixo pendurou o velocino (a pele de um carneiro) em um lugar especial na Cólquida, onde posteriormente ele viria a ser tema de grandes lendas.

Zeus em memória do nobre feito do carneiro elevou seu espírito aos céus, transformando-o na constelação que posteriormente se tornaria o primeiro do signo do Zodíaco. Outra versão recorrente (e que posteriormente será aqui retratada) nos conta que Zeus marcou os céus com a constelação de Áries a Jasão, um nobre herói que teria viajado com os Argonautas e conquistado o Velocino de Ouro alguns anos depois.

Bééééé

Áries ainda seria um signo regido pelo deus Ares. Chamado de Marte pelos romanos, o deus tinha personalidade impetuosa e audaz e não valorizava a ideologia. Lutava indiscriminadamente e de forma terrível, vencendo os obstáculos a qualquer preço. Não possuía um senso de justiça aperfeiçoado, tendo de ser detido muitas vezes por Atena, a deusa da sabedoria. Estimulava ação física imediata aos ímpetos emocionais e o combate, vivendo intensamente cada momento de sua vida.

Essa energia tipicamente combativa faz com que as pessoas de Áries sejam bons lideres, cheios de um senso de iniciativa e de coragem. A franqueza (muitas vezes inoportuna) contrasta com a sua individualidade e a forma distanciada com que lidam com as suas emoções, nunca revelando imediatamente o que sentem. Tem ampla disposição para novos empreendimentos e são sempre movidos pela ação e pela competitividade.

 Áries representa a criança do zodíaco, o recém-nascido que chegou gritando para avisar que veio para causar. Daí vem essa necessidade de conhecer e experimentar que é típica das crianças, a vontade esperançosa que os faz acreditar quase sempre nas coisas e nas pessoas e ódio que por sempre extravasado impedem que eles guardem rancor. A criança ariana é pioneira, mas impaciente e aprenderá com os outros signos do zodíaco o essencial para crescer bem e evoluir. 

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