domingo, 12 de março de 2017

A Mitologia do Zodíaco: Escorpião


Zodíaco é uma palavra advinda do grego antigo que significa círculo de animais. Trata-se de um sistema utilizado pela astrologia para facilitar a compreensão das energias dos astros celestes e a forma como elas influenciam as nossas tendências de personalidade. No oitavo post da nossa série que trata sobre o aspecto mitológico por trás de cada signo zodiacal, falaremos sobre Escorpião e sua origem.




Reza a lenda que Órion era um gigante filho de Poseidon e Euríale. Fora um dos maiores caçadores e de sua época e possuidor de uma beleza tão grandiosa quando ele. Habitava a cidade Quio, na época governada pelo rei Eunápio, pai de uma belíssima donzela chamada Mérope. A jovem acabou se tornando o grande amor da vida de Órion e o maior sonho do gigante era fazer dela sua esposa e tê-la ao seu lado durante todos os dias até o fim de sua vida.

         Conhecendo as ambições do gigante, o rei Eunápio decidiu cortar o mal pela raiz. Jamais podendo aceitar no trono um homem de origem humilde, impôs uma condição para que o caçador desposasse sua filha: Órion teria que livrar o reino onde moravam de monstruosas feras que constantemente devoravam e arruinavam a colheita e a vida dos habitantes. Ele deveria executar essa tarefa sozinho e não poderia usar nenhuma arma para lidar com as bestas por mais difícil que a batalha se tornasse.

         Aceitando a tarefa, Órion partiu para executar sua incumbência, não sem antes despedir-se de sua amada. Mérope lançou-se aos seus pés e chorou como nunca tinha chorando antes, afirmando que seu pai o estava levando para a morte certa. Por mais que tentasse, não conseguia convencer seu amado a desistir da tarefa, e Órion partiu depois de finalmente conseguir tranquilizá-la.

         Ele caçou as feras dia após dia e batalhou até não ter mais forças. Levava os corpos de cada monstro que derrotava até o palácio real e os depositava aos pés da princesa que ficava mais animada a cada dia. Depois de derrotar a última fera, Órion vestiu sua melhor roupa e foi se apresentar ao rei. Depositou o corpo do animal aos pés do homem que se tornaria seu sogro e pediu cordialmente a mão de sua filha. Com um sorriso irônico no rosto, o monarca negou o pedido do gigante e disse que nunca confiaria seu maior tesouro a um homem abrutalhado e pobre como ele.


A constelação de Órion

         Enfurecido, Órion invadiu o palácio naquela mesma noite e fugiu com a princesa rumo a vida de felicidade com que ele tanto sonhara. Outra versão diz que ele se embebedou e violentou a princesa, mas o que importa para nós é saber que suas atitudes despertaram a fúria do rei. Eunápio pediu a ajuda de seu pai, o deus Dionísio, para se vingar do gigante e um grupo de sátiro foi enviado para embebedar o gigante com o vinho mais forte que havia na época.

         Quando o gigante desmaiou de embriaguez, Eunápio, que havia se escondido por perto, furou os olhos do gigante com um punhal afiado e levou sua filha aos gritos de volta para o palácio real. Órion foi abandonado à beira-mar como um cadáver e permaneceu ainda desacordado por muitos dias antes de recobrar a consciência.

         Os deuses se compadeceram com a história do pobre homem que só queria viver com o amor de sua vida e decidiram auxiliá-lo. Hefesto, o deus da forja, enviou seu aprendiz Cedálion para guiar Órion até a morada do Sol, onde seus olhos poderiam ser curados. Chegaram lá quando amanhecia e assim que a luz da Aurora tocou os olhos do gigante ele recobrou sua visão e parte de sua vontade de viver.

         Eos, a personificação do amanhecer, se apaixonou pelo gigante assim que o viu. Os dois tiveram um tórrido romance que não durou mais que algumas semanas e assim que o fogo da paixão esmoeceu, Órion decidiu voltar para Quio e se vingar de Eunápio.

         Conhecendo os perigos que esse retorno trazia, Ártemis, deusa da caça e da lua, convocou Órion para seu séquito de caçadores antes mesmo que ele pudesse chegar a cidade. O gigante não só ganhou o coração da deusa como também se tornou o melhor caçador que ela já tivera, de modo que era raro ver os dois separados. Apolo ficou terrivelmente enciumado, em algumas versões por não admitir a existência ninguém que fosse melhor que ele e em outras por ter se apaixonado pelo gigante, e tramou a morte do mais querido companheiro de sua irmã.


Órion enfrenta o escorpião

         Apolo se reuniu com Gaia e pediu que ela criasse um monstro terrível capaz de dar fim a existência do caçador. Gaia então juntou um punhado de barro e o transformou em um escorpião gigante, altamente venenoso e invulnerável que só morreria depois de matar o herói. A besta foi dispensada para sua tarefa e rapidamente localizou seu alvo.

         É aqui que as versões para a história se dividem. Uma delas nos conta que Órion lutou ferozmente com a fera e ao perceber que não podia vencê-la fugiu para o mar na tentativa de escapar. Enquanto isso, em terra firme, Apolo provocava sua irmã dizendo que ela não era boa o suficiente com o arco e flecha. Desafiou-a a acertar um ponto longe e distante que estava em movimento no mar e Ártemis, sabendo-se ser a melhor caçadora entre os deuses, disparou uma flecha em hesitar. Sua pontaria fora mais que perfeita e a seta perfurou em cheio o crânio do gigante, que morreu na hora.

Quando a maré trouxe o corpo ensaguentado de Órion, Ártemis percebeu que o projétil que tirara a vida de seu amado pertencia a ela. A deusa chorou amargamente e sem saber o que fazer, levou o corpo do gigante até um grande médico chamado Asclépio. Infelizmente, Zeus fulminou o doutor antes que ele pudesse fazer algo por Órion e corpo do mesmo caiu torrado ali mesmo. Tal pedido havia partido de Hades, que pediria a seu irmão que matasse Asclépio antes que ele pudesse curar o próximo paciente sob o pretexto de que o médico estaria esvaziando o mundo dos mortos.





         Ártemis não pode muito mais o que fazer além de chorar, pois agora não havia mais nenhum recurso que pudesse salvar seu amado amigo. De coração partido, transformou seu caçador favorito em uma constelação para que pudesse para sempre lembrar do homem que havia amado e perdido. 

Os centauros, que amavam tanto Ártemis quanto Órion, teriam perseguido o escorpião durante vários dias antes de enfim matá-lo e levar seu corpo para a deusa. Ártemis também teria transformado o monstro em um conjunto de estrelas e é por causa disso que a flecha da constelação de sagitário aponta para o peito da constelação de Escorpião.

         Outra versão diz simplesmente que Órion e o escorpião pelejaram até se matarem mutuamente e Ártemis chorou por tantos dias depois de encontrar o corpo do amado que a lua recusava a nascer. Apiedado da filha e preocupado com a humanidade, Zeus transformou Órion e o Escorpião em dois conjuntos de estrelas para que Ártemis pudesse sempre matar a saudade do homem que havia amado enquanto corria com suas carruagem de lua todas as noites pelo céu.




         O regente do signo de Escorpião não é ninguém nada menos que o grande deus Hades, rei dos infernos e das profundezas. Não é á toa que escorpião costuma ser um signo profundo e taciturno, muitas vezes difícil de acessar. Os nativos de escorpião só se deixam conhecer através da vivência profunda e somente pelas pessoas que realmente gostam. Sentem as emoções de maneira intensa e é o medo dessa turbulência emocional toda que os leva a resistir, controlar e manipular. Porém, quando essa barreira é ultrapassada, os escorpianos encontram em si um grande poder de  mudança, (outro aspecto absorvido de Hades, visto que a morte é também a transformação).

         Seu magnetismo é inegável e difícil não se tocar na dinâmica sexual intensa quando falamos de escorpião. Um escorpiano é decidido, poderoso, emotivo e apaixonado. Tudo ao seu lado se torna intenso e seu parceiro sempre vive grandes emoções, mesmo que só em âmbito interno.


Hoje tem, danada


         Por outro lado, os nativos desse signo são bastante ciumentos e obsessivos. Têm dois pezinhos no aspecto vingativo e não desistem de uma vingança até pô-la em prática. São compulsivos, ressentidos e teimosos e muita vezes são vistos como arrogantes devido a necessidade de lidar com eles. 

         Por terem sentimentos sempre profundos e complexos, detestam pessoas rasas e superficiais. Não poupam esforços para proteger quem amam e estão sempre com uma mãozinha estendida para ajudar as pessoas que gostam. Entregam-se de corpo e alma aos seus amores e mesmo que se machuquem, estão sempre dispostos a amar novamente.



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